sexta-feira, 24 de abril de 2009

Questões debatidas na primeira aula sobre 1 Coríntios

1 – Qual a importância – para a igreja, nos dias atuais – de se estudar a Primeira Epístola aos Coríntios?

Sua importância reside no fato de que ela aborda questões doutrinárias que são cruciais para os problemas contemporâneos. Qualquer líder, estudioso ou cristão leigo que quiser entender a dinâmica de funcionamento de uma igreja, deve consultar a primeira epístola de Paulo aos Coríntios. A amostragem recolhida da igreja coríntia é suficiente para uma ampla visão dos problemas e virtudes de uma comunidade cristã. Por exemplo, pelo que se conhece daquela igreja, em virtude – principalmente dos escândalos –, a epístola inicia de maneira aparentemente paradoxal, pois Paulo se reporta aos seus membros chamando-os de “santos” (1.2). Como podem ser “santos” se viviam em uma profunda letargia e inércia em relação ao pecado? A idéia não é que eles “santificam-se” por algum procedimento ascético ulterior e assim passam a ser considerados. Ocorre justamente o contrário: pelo fato de eles “serem santos” – posicionalmente – isto é, “santificados em Cristo” devem, conforme Efésios 4.1 andar dignos “da vocação [posição em que se encontram] com que foram chamados”. Em outras palavras, não é ter vida santa para se tornar santo, mas por ser santo é que deve viver uma vida santa! Como o momento em que vivemos é de polarização, devemos nos cuidar com os dualismos – assim como a igreja de Corinto – e vivermos sob a orientação da Palavra de Deus, fazendo (cf. 1 Co 16.14; ARA) todas as coisas com amor.



2 – Por que a igreja de Corinto era considerada “fervorosa” mas não espiritual? Qual a diferença entre fervor e espiritualidade?
A prova de que uma igreja é espiritualmente sadia, não é o número de dons carismáticos que os seus membros possui, mas a maneira com que ela lida com o problema do pecado, cultiva o fruto do Espírito e vivencia a comunhão e amor cristãos. Infelizmente, não é possível identificar esta postura da igreja coríntia. A lassidão com o erro, prova que não havia, de fato, espiritualidade. Pois é possível ser fervoroso e carnal, mas o mesmo não ocorre com a espiritualidade.As expressões de alegria e as manifestações do Espírito (que ainda é preciso averiguar se procedem mesmo do Espírito, ou se são apenas atitudes mecânicas, emocionalistas e habituais!), podem ser meramente circunstanciais, fruto do momento, do embalo coletivo. Se a espiritualidade for aferida apenas por tais manifestações externas, torna-se praticamente impossível distinguir fervor de espiritualidade, pois ─ neste sentido ─ é tênue e limítrofe a linha que as separam. Pelo que se entende do texto de Romanos 12.11, o fervor, devidamente orientado e dirigido, é importante, pois forma uma “combinação de disciplina pessoal (lit., ‘com zelo, não indolente’) com o poder do Espírito Santo (cf. At 1.8; 1 Ts 5.19)” (Comentário Bíblico Pentecostal, CPAD, p.896). Porém, não se pode dizer que uma pessoa com um temperamento mais comedido que outra, não seja fervorosa, no sentido paulino ou bíblico. A facilidade com que uma pessoa menos formal e aberta tem de manifestar-se publicamente, não pode ser interpretada como intimidade com Deus em detrimento do indivíduo que, por natureza, é moderado. Por outro lado, a pessoa recatada, não deve acusar a espontaneidade do seu irmão que é mais eufórico. O ponto que define ambos como “espirituais” são as suas obras e frutos. Elas demonstram se são salvos e, conseqüentemente, transformados pelo Espírito de Deus.A verdadeira espiritualidade – definida por Paulo – em Romanos 12.1 é a entrega plena do ser (espírito, alma e corpo). É a certeza de que tudo que se faz o é para Deus sob a perspectiva da adoração consciente em todas as coisas, mesmo naquelas aparentemente sem importância alguma.Aduz-se, portanto, que a verdadeira espiritualidade não é estanque, compartimentada, para ser vivida apenas numa dimensão. Espiritualidade que se expressa apenas nos aparentes limites do culto coletivo é hipocrisia. A verdadeira espiritualidade é também demonstrada por Paulo, na própria primeira epístola aos Coríntios, quando ele diz no capítulo 10, versículo 31: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus”.

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